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Sexualidade na Gestação

Mitos e Verdades

A gestação é um período de intensas modificações na vida não só da mulher, mas do casal em si. Existem os hormônios, o corpo, o cabelo, a pele que mudam, e todas essas mudanças afetam a sexualidade do casal. Existe também a perspectiva de que: “seremos responsáveis por alguém além de nós”, embora para a mulher seja mais fácil entender e se reconhecer mãe, para o homem o processo é diferente e isso impacta também na questão sexual do casal que estamos abordando.

Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), a sexualidade é um aspecto fundamental na qualidade de vida de qualquer ser humano, sendo importante até no período da gravidez.

A psiquiatra, Carmita Abdo, membro da Comissão de Sexologia da Federação Brasileira de Ginecologia Obstetrícia (Febrasgo) e Coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex) da Faculdade de Medicina da USP, pontua que “durante a gestação o sexo pode e deve ser praticado, caso o casal sinta desejo e a gestação esteja evoluindo bem. É óbvio que a gestante passará por mudanças físicas, as quais podem ocasionar o desinteresse de um dos parceiros ou do casal pela relação sexual. Nesse caso, o diálogo é a melhor conduta, para se chegar a um consenso a respeito do que fazer”.

Pensando nesses muitos aspectos, hoje vamos tratar 10 questões, correspondentes a mitos e verdades sobre a sexualidade na gestação.

E como campeã a questão que nós doulas mais trabalhamos é:

1. A relação sexual pode machucar o bebê?

MITO. O canal vaginal é uma passagem da anatomia feminina que está interligado ao útero, porém não é porque se chegou ao útero que se chega imediatamente ao bebê, existe uma estrutura chamada, colo do útero, que é composta de um tecido rígido, grosso, medindo em média 5 centímetros de espessura e que impede o contato direto do pênis com o bebê, além disso também tem a bolsa amniótica que é uma espécie de bolha protetora, preenchida de líquido amniótico que impede de o bebê sentir choques mecânicos (impactos).

2. Após o parto por um período de 40 dias, não se pode ter relação sexual

VERDADE. Em torno de 40 a 42 semanas o corpo abriga um bebê que chega próximo a 4kg ou mais, é importante lembrar que após esse período o corpo precisa de tempo para voltar ao estado inicial. Também é imprescindível se atentar que a placenta quando cumpre seu papel e se solta do útero gera uma ferida que precisa de tempo para cicatrizar, ter relações nesse período aumenta o risco de infecções. Portanto, esses 40 dias são para que o corpo se recupere e diminuam as incidências de infecção. Vale também lembrar que não é somente a relação que não está indicada nesse período, mas banho de piscina, mar, rios, também são contra indicados.

3. O parto normal “estraga/alarga” a vagina

MITO. O canal vaginal é uma estrutura elástica que tem a capacidade de se regenerar, sendo assim, a passagem do bebê pela via vaginal não altera a estrutura e sempre é válido fazer exercícios para auxiliar esta musculatura voltar ao tamanho original. A fisioterapia pélvica e exercícios de Kegel trabalham a recomposição do tônus vaginal no pós-parto e podem ser indicados no tempo determinado pelo médico que a acompanha.

4. Se ocorrer sangramento vaginal as relações sexuais devem ser evitadas?

VERDADE. Até que a causa do sangramento seja descoberta ou que o médico responsável libere, está contra indicado manter relações, pois em alguns casos o ato sexual pode desencadear parto prematuro pelo impacto e pelo orgasmo feminino gerar contrações uterinas. Também se o homem ejacular dentro da vagina da gestante, sendo o esperma rico em prostaglandina (uma substância que pode promover ainda mais as contrações uterinas), estas contrações poderão ficar um pouco mais fortes. Por isso, neste contexto se deve evitar ter relações em casos de ameaças de abortamento ou trabalho de parto prematuro.

5. Sexo na gestação faz mal

MITO. A relação sexual não traz nenhum tipo de problema ao bebê, a não ser em casos como o tópico anterior que existe um risco de abortamento ou parto prematuro. Durante a relação sexual a mulher libera hormônios que são responsáveis pela sensação de bem-estar, como as endorfinas, que liberadas pelo corpo da mulher atravessam a placenta e chegam ao bebê, proporcionando tranquilidade e sensações de relaxamento.

6. Após a relação sexual a gestante pode sentir contrações?

VERDADE. O útero é um órgão ativo, formado por tecidos musculares lisos, isso faz com que ele se contraia desde a menarca (primeira menstruação) até a menopausa (fase que cessam os períodos menstruais). Durante a gestação ele é intensamente ativo, pois para crescer ele precisa se contrair e ele cresce do início ao fim da gestação. Durante o orgasmo a mulher libera pequenas doses de ocitocina, hormônio responsável por contrair o útero em trabalho de parto, associado a ejaculação do homem que tratamos no tópico 4, temos contrações logo após o ato sexual.

Segundo a obstetra e professora Carla Andreucci Polido, do Departamento de Medicina da Universidade Federal de São Carlos, a relação sexual e o orgasmo não são culpados por abortos ou partos prematuros. “A gestante só deve evitar o sexo na gravidez quando houver sangramentos no primeiro trimestre ou trabalho de parto prematuro, porque o orgasmo pode intensificar contrações que já estejam acontecendo em casos como esses”, afirma a professora.

7. Na gravidez, a mulher tem mais vontade de fazer sexo

MITO. Algumas mulheres podem até ter mais desejo sexual, mas não é uma condição universal. Com as alterações hormonais, físicas e emocionais, é comum que haja variações na libido. O resultado disso é um apetite sexual maior ou menor, dependendo do período gestacional.

No primeiro trimestre, por exemplo, a libido pode ser menor devido à ansiedade e outros sintomas típicos da gravidez, como cansaço, enjoos, vômitos e mal-estar. No segundo trimestre, os desconfortos que diminuem a libido da mulher podem deixar de existir, e a mulher passar a sentir mais vontade de fazer sexo, porém, no último trimestre, é possível que o desejo sexual volte a cair devido à ansiedade pelo nascimento do bebê e os desconfortos da reta final de gestação.

8. Existem posições piores e melhores para a relação sexual durante a gestação?

VERDADE. Com as mudanças anatômicas que ocorrem durante a gestação, as posições cotidianas experimentadas pelo casal podem não ser mais confortáveis para a mulher, é importante também levar em consideração a disposição da grávida. Pensando nisso, algumas adaptações precisam ser feitas. Alguns exemplos de posições mais confortáveis são: colocar um travesseiro nas costas da gestante, e a mais adotada é a de lado, pois também tem o apoio da barriga quando essa já se encontra maior. Ademais, é interessante que o casal não faça pressão no abdômen, outras posições respeitando esse quesito são bem vindas.

9. O ato sexual pode ajudar a mãe a entrar em trabalho de parto quando ela já estiver nas últimas semanas de gestação?

VERDADE. O sexo no final da gestação é recomendado como forma de indução de trabalho de parto natural, pois no ato sexual há liberação do hormônio ocitocina, que estimula as contrações uterinas. O sexo, sendo uma atividade leve ou moderada, também pode auxiliar a mulher na hora de dar à luz, pois proporciona a melhora do condicionamento físico e da massa muscular, sem contar que as prostaglandinas presentemono sêmen que já falamos anteriormente, são as responsáveis por trabalhar o colo do útero, amolecendo, afinando e dilatando o colo para que o nascimento aconteça.

10. Sexo fortalece o períneo

VERDADE. O que poucos sabem é que a prática sexual é um excelente exercício para o períneo. Tanto que um estudo de uma universidade da Malásia que acompanhou os relatos de 200 mulheres casadas ao longo de três anos chegou à conclusão de que as que faziam mais sexo davam à luz com mais facilidade. Portanto, uma razão a mais para investir na intimidade também nessa fase da vida do casal.

BÔNUS:

Sexo regular na preconcepção previne a pré-eclâmpsia – Estudos realizados revelaram que mulheres que têm relações sexuais regulares na preconcepção, apresentam menores riscos de desenvolver pré-eclâmpsia (hipertensão gestacional). De acordo com os pesquisadores, o fluido seminal do homem contém pequenas moléculas que induzem o sistema imunológico da mulher fazendo com que a implantação do embrião no útero e a formação da placenta ocorram de maneira saudável.

Conclusão

Como visto, se não houver orientações médicas contra, o sexo na gestação é bastante benéfico para o casal e, também, para o bebê! É necessário também pensar na importância das atividades físicas realizadas durante a gravidez, pois um bom condicionamento físico irá auxiliar no bem estar materno durante a gravidez e também no parto.

Referências:

https://www.genera.com.br/blog/10-mitos-e-verdades-sobre-sexo-na-gravidez/

https://mundoeducacao.uol.com.br/biologia/amnio-corio.htm

https://www.febrasgo.org.br/pt/noticias/item/1500-sexo-na-gravidez-prejudica-o-bebe

https://www.rbsh.org.br/revista_sbrash/article/download/49/47/116

https://scholar.google.com.br/scholar?hl=pt-BR&as_sdt=0%2C5&q=artigo+fluido+seminal+e+pre+eclampsia+&oq=#d=gs_qabs&t=1715726135554&u=%23p%3DgiV5GXqhCIMJ

Grenda Honório
Grenda Honório
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